Nathalia Evelyn em pensando futuros diversos possíveis
Papo Possível, Edição 6, Temporada 1 | 2024
Ando refletindo se crio temas para curtas temporadas do Papo Possível. A ideia por trás é aumentar diversidade e profundidade em um determinado assunto. Outra seria que noto que minha vida e de muita gente é faseada por temas principais. Atualmente, por exemplo, o assunto da vez é mudança de carreira. Seria sensacional trazer 3-5 pessoas que se encorajaram para mudar de profissão e modelo de trabalho para inspirar outras que estão em alguma etapa do processo. Veremos para onde essa ideia cresce. Sua opinião será muito bem recebida.
Nathalia Evelyn, comunicóloga e entusiasta de histórias não contadas
Hoje entrevistamos Nathalia, de Ribeirão Pires, SP, que está terminando o mestrado em Foresight Estratégico e Design de Futuros. Em sua trajetória em busca de alinhamento propósito e trabalho, Nathalia compartilha suas influências e visões sobre futuros possíveis. Sua paixão por cultura, tecnologia e impacto social a levou a criar o
. Boa leitura.Oi Nat, me conte sobre você do jeito que você gosta.
Sou Nathalia, nascida e criada na Quarta Divisão/Ribeirão Pires, uma cidade pequena na Região Metropolitana de São Paulo. Zillenial de 96 - na intersecção entre duas gerações. Eu acredito que esse parágrafo resume bem quem eu sou porque muitas das minhas referências, a forma como vejo o mundo, meus incômodos e propulsores são influenciados por esses fatores.
Sou "mãe de pet", gosto de viver a rua, conhecer novos lugares na cidade, fotografar o cotidiano, passear com meu dog e conhecer gente, ouvir música, ir a museus e consumir arte.
Sou filha de pai mecânico e de mãe operadora de produção, que dedicaram a vida toda a trabalhar para criar condições melhores de vida pra nossa família, contrariando todas as estatísticas. Foram eles que me incentivaram, desde muito jovem, a sonhar alto e ser o melhor que posso em todas as ocasiões, e que a educação, junto com a força do meu trabalho - seja qual fosse - poderiam abrir muitas portas pra mim.




Sempre fui uma mente criativa e imaginativa. Uma vez uma terapeuta me disse que isso é coisa de filha única, não refutei. Eu amava ver o mundo através das palavras e das histórias que me contavam. Com 4 anos aprendi a ler as mesmas histórias mas a partir do meu próprio ponto de vista. Deve ser por isso que desde muito cedo comecei a criar minhas próprias histórias também.
A minha vida - assim como de toda a minha geração, imagino - foi marcada pela entrada da tecnologia. Eu vi meu horizonte ser expandido, fui influenciada e encontrei novas referências, desenvolvi meu gosto musical, descobri bandas, fiz amigos e percebi que existia muitas possibilidades de vida para além daquela que foi estipulada pra mim quando nasci naquele local.
De tudo que vi, sempre me conectei com a contracultura, com a história não contada, com a parte não vista, com as narrativas dissidentes e com quem me ajudava a ver o mundo além das narrativas hegemônicas. Acho que isso tem um pouco a ver com propósito e isso molda e aponta para tudo que faço, o que e de quem consumo, com o que me conecto e o futuro que tenho construído.
Quais mudanças te levaram para onde você está agora?
Hoje sou Comunicóloga, terminando um Master em Foresight Estratégico e Design de Futuros na ESPM. Trabalho com conteúdo, em uma grande empresa de tecnologia e parte do meu trabalho é entender o comportamento da nova geração no digital e criar narrativas para que marcas e projetos consigam alcançar seus públicos e se manter relevantes hoje e no futuro.
Mas foi uma jornada chegar até aqui. Minha primeira graduação foi em Serviço Social - em uma universidade pública. Entrei na universidade porque eu precisava sair do Ensino Médio direto pra faculdade. Escolhi o curso porque gostei da grade curricular e, durante a graduação, pensei que poderia mudar o mundo. Naquele momento eu aprendi muito sobre as estruturas da sociedade, sobre desigualdades, filosofias e ciências que me ensinaram que o mundo poderia ser muito melhor para as pessoas. Mas, formei aos 23, e me deparei com uma profissão precarizada, sem recursos e sem investimentos. E, além do mais, entendi a responsabilidade que era lidar diretamente com as vida das pessoas.
Busquei então outras formas de encontrar propósito com o trabalho e propor mudanças positivas para a sociedade de outras formas. Desde então, venho trilhando uma trajetória de propósito e impacto positivo. Afinal, foi nesse momento que entendi que pra mim trabalho e propósito andam juntos, independente da área que estiver atuando. Entendi também que o que eu gostava no Serviço Social era estudar o comportamento humano, a sociedade, como ela se comporta, novas possibilidades de organização para melhorar a vida das pessoas. E então, busquei e busco aplicar isso em tudo que faço.
Foi então mais tarde que cursei Comunicação, pra entender e auxiliar como marcas e negócios poderiam ampliar suas ações que impactam positivamente a sociedade e as pessoas, e comunicar isso melhor. O mestrado em Foresight, com certeza, contribui na expansão na forma de pensar futuros possíveis.
E como você alinha suas atividades profissionais com sua visão?
Dependendo dos projetos e parceiros que me envolvo, me vejo mais ou menos conectada com a questão do impacto positivo. E demorei pra aceitar que tudo bem!
Hoje, o meu trabalho me afasta um pouco disso, é uma área que tem suas questões (incentiva o consumismo, ainda engatinha em discussões sobre diversidade, ética e afins) e tenho consciência disso. Então cuido para que os projetos paralelos que me envolvo sejam bons para a sociedade e para o coletivo, de alguma forma.
Hoje, meu maior desafio é conseguir pensar uma comunicação que envolva novos nomes, impulsione novas narrativas e que auxilie o imaginário coletivo a pensar futuros possíveis diversos, sustentáveis, tecnológicos sim mas respeitando saberes ancestrais.


Foi pensando nisso que criei a
, minha newsletter sobre novos futuros possíveis e desejáveis visando transformações justas e positivas, para que eu não esqueça das minhas motivações mesmo trabalhando com algo que não está conectado com isso. É por conta - e por meio - da Dose que eu consigo compartilhar conhecimento, me manter atualizada, refletir criticamente sobre o mundo e engajar as pessoas ao redor do que eu, e a comunidade que me lê, acreditamos. Costumo dizer que ali é meu espaço de experimentar, como criadora, "problem-solver" e "changemaker".Como estudante do futuro, que tipo de mundo você enxerga como possível até 2030?
Pergunta complexa para quem está estudando para se tornar futurista (rs). Apesar de tentar ser otimista, daqui 10 anos eu imagino um futuro complexo, com tensões ainda mais duras em todos os campos.
Apesar de 2030 não ser um universo temporal tão distante, imagino que enfrentaremos mudanças significativas na forma como enxergamos o trabalho - com um recorte muito claro de classe, principalmente. Tenho acompanhado movimentos para a redução da jornada de trabalho para 4 dias, inclusive o setor privado de alguns países, como Portugal, já rodaram testes que tiveram resultados positivos. Acredito que a pressão da Geração Z (os nascidos entre 1996 e 2010) para essas mudanças faz surtir efeitos que serão interessantes de acompanhar.
Vejo também um futuro cada vez mais phygital que une o universo físico e o digital - principalmente com a ascensão de IAs e tecnologias mil.
Acho que isso engloba menos a questão do uso de celular e redes sociais e mais o fato de conseguirmos aplicar e usar a tecnologia para otimizar vários aspectos da vida cotidiana.
E diante de tantas distrações que temos, como você se mantém inspirada?
Eu me mantenho inspirada quando faço aquilo que gosto, que gera um quentinho no coração. E isso acontece quando eu vivo a cidade; quando eu vejo gente e observo as pessoas; quando eu passeio com meu cachorro e converso com as pessoas na rua, no ponto de ônibus ou na fila do mercado; quando eu acompanho grandes momentos culturais, quando vou em shows de bandas que gosto - e até as que não gosto, quando eu escuto músicas que marcaram minha adolescência; quando eu leio algo inspirador e assisto filmes que mudam minha visão de mundo. E quando encontro minha família, na cidade que nasci e tenho contato com tudo aquilo que me moldou.
Que tipo de provocação você gostaria que as pessoas refletissem sobre?
Imagino um mundo onde cada um se sinta responsável pela construção do futuro que deseja viver. E gostaria que todos considerassem o poder que possuem para ampliar narrativas de futuro que sejam mais justas, igualitárias e sustentáveis. Isso significa tomar decisões conscientes sobre os projetos em que nos envolvemos, as pessoas que escolhemos acompanhar tanto na vida real quanto no digital, o que decidimos apoiar e como oferecemos esse apoio.
Queria que as pessoas - e eu me incluo nisso, pois vejo como um exercício constante - fossem mais conscientes de suas escolhas, pois cada uma delas molda tanto o futuro individual quanto o coletivo.
Nat, para encerrar, quem são as pessoas de qualidade que gostaria que participassem do Papo Possível?
Não tenho uma lista de pessoas, acho que toda história é uma boa história pra ser contada. Mas dois nomes da minha rede que tem me inspirado e surgem na minha mente quando penso na sinergia com o propósito do Papo Possível, são:
@ninachrispim - Fundadora da Chrispim Marley, publicitária, criadora de conteúdo e multiartista, Nina tem uma visão muito interessante a partir da perspectiva de emancipação de pessoas pretas.
@claudiakievel - Mãe, fundadora da Rede Jardim Secreto, feira de economia criativa que fortalece a economia local e a produção manual da cidade de São Paulo. Acho que pode trazer uma perspectiva inspiradora sobre outras formas de viver a cidade.
Seleção de Inspirações
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O BOIL é um climate festival em Portugal para incentivar ações climática de forma positiva, participativa e experiencial.
Em busca por ferramentas de facilitação, encontrei Training for Change que oferece ferramentas e treinamentos
Kadu Nakashima1
Kadu Nakashima presta serviços de freelance para marcas encontrarem sua voz e identidade.